Ashtanga Vinyasa Yoga


É um método de yoga reconhecido por seu Vinyasa (sistema de respiração associada ao movimento), cuja origem encontra-se no antigo manuscrito em sânscrito denominado “Yoga Korunta”. Desenvolvido por Krishnamacharya, acredita-se ter sido decifrado e coligido por Pattabhi Jois: fundador do Ashtanga Yoga Research Institute no ano de 1948. Trata-se de uma prática dinâmica que visa conectar uma série regular de asanas (posturas psico-físicas) a movimentos vigorosos associados a uma respiração consciente.

Mestre Pattabhijois

Como explica Patañjali, criador dos Yoga Sutras (aforismos que formam o sistema filosófico do Yoga), o Ashtanga enquanto método que se subdivide em oito passos pode ser metaforicamente comparado a uma árvore que se conforma também por meio de seus  galhos, de acordo com o significado dos termos:

ASHT = oito

ANGA = “galho”, parte ou passo

YOGA = união

Desta forma os passos constituintes do Ashtanga são:

  1. YAMA – disciplinas éticas (Ahimsa = não violência; Satya = verdade, Asteya = não roubar; Brahmacharya = celibato e Aparigraha = desapego)
  2. NYAMA – observância das disciplinas (Saucha = limpeza, purificação; Santosha = contentamento; Tapas = austeridade, disciplina; Svadhyaya = estudo pessoal e estudo das escrituras e Isvara Pranidhana = entrega, devoção à Deus).
  3. ASANA – posições psico-fisicas.
  4. PRANAYAMA – Controle da energia vital por meio de exercícios respiratórios.
  5. PRATYAHARA – abstração dos sentidos externos.
  6. DHARANA – concentração.
  7. DHYANA – meditação.
  8. SAMADHI – iluminação (estado de alegria e paz interna constantes).

Praticar Ashtanga Yoga é colocar em correlação os oitos passos acima descritos, intentando atingir o estado integral de consciência individual (SAMADHI), promovendo também a desintoxicação do corpo, estimulando órgãos e glândulas, “limpando” a mente e desenvolvendo a concentração.

(IN.: Ashtanga Yoga – The Pratical Manual – David Sinenson)

As características principais deste método são:

  • Uso de bandhas (fechos de energia ou contrações para regular a energia);
  • Respiração ujjai (pranayama);
  • Vinyasa (sincronia entre movimento e respiração);
  • Drishtis (concentração do olhar);
  • Atenção total naquilo que se esta fazendo.

O método completo compreende seis séries diferentes, cada uma se concentra em um aspecto particular.  Os ásanas da série preliminar enfatizam o alongamento e o alinhamento do corpo. É chamado “Yoga Chikitsa” que significa a terapia do Yoga.

 A série intermediária é chamada “Nadi Sodhana “ e purifica o sistema nervoso,  abrindo e limpando os canais de energia.

As séries avançadas A.B.C.D “Sthira Bhágah Samapta “ integram a força e a graça na prática, requerendo alto grau de flexibilidade e humildade.

BANDHAS

A palavra bandha pode ser traduzida como “prender” ou “apertar” o que descreve exatamente a ação física necessária para realizar estas práticas. Várias partes do corpo são gentilmente e ao mesmo tempo poderosamente contraídas e enrijecidas. Isso propicia uma massagem nos órgãos, removendo o sangue estagnado, estimulando e regulando os nervos conectados a estes órgãos. Proporcionando melhoria no funcionamento e na saúde do corpo.

  • Mula bandha

E conhecido como “fecho da raiz”, pois é a contração dos esfíncteres do ânus e da uretra. Comprime-se primeiramente a musculatura e depois se eleva um pouco verticalmente, na direção do plexo solar. Esta contração é acompanhada pelo recolhimento dos músculos do baixo ventre e das nádegas.

  • Uddiyana Bandha

Este bandha está concentrado em um ponto particular na região do umbigo gerando um fluxo natural de energia (o grande pássaro de prana) pronto para se mover para cima ao longo da coluna vertebral. Existem duas maneiras de executá-lo, dependendo de qual prática que estamos realizando: uma é executando o ásana associado ao Uddiyana Bandha e outra executando somente o Uddiyana Bandha independente, ou seja, sem ásana.

No primeiro caso, junto à prática de ásanas, podemos aplicar um Uddiyana Bandha leve que consiste em uma contração moderada da parte inferior do abdômen que fornece estabilidade torácica e pélvica. Neste caso, a parte inferior do abdômen tem ser contraída e isolada da parte superior, levando apenas a parte do abdômen abaixo do umbigo de volta para a coluna, deixando livre a circulação do diafragma.

No segundo caso, para o Uddiyana Bandha independente (sem ásanas), é feita através da contração do abdômen que se faz durante a retenção sem ar nos pulmões. Ele possui duas variações: rajas (movimento/ação) e tamas (imobilidade/inércia), conforme se faça imprimindo um movimento ondulante à parede abdominal ou mantendo a contração estática. No rajas não interessa a velocidade que se faça o exercício, mas a firmeza com que seja contraído o abdômen. O movimento não é apenas para dentro, mas também, e principalmente, para cima. Quando realizado por conta própria, recomenda-se ser feito depois de ásanas, pranayamas e antes da meditação.

RESPIRAÇÃO

A respiração adequada para uma prática de posturas (ásanas) para alunos intermediários ou avançados é chamada de ujjayi (significa expansão vitoriosa). Alunos iniciantes, a orientação é deixar a respiração livre.

O som do ujjayi é criado ao se contrair gentilmente a abertura da garganta, a fim de se produzir uma certa resistência à passagem do ar. No momento em que o ar é gentilmente puxado para dentro na inspiração e gentilmente empurrado para fora na expiração contra tal resistência, surge um som bem modulado e calmante “algo como o barulho das ondas do mar indo e vindo à beira da praia”.

O objetivo é aumentar a temperatura do corpo, provocando suor e auxiliando na limpeza das toxinas. Ao realizá-la, deve-se equilibrar a inspiração com a expiração, concentrando-se no seu ritmo, som e tempo de duração.

DRISHTIS (concentração do olhar)

Os nove locais de foco do olhar são chamados de Nava Drishtis, sendo eles:

  • Nasagrai – Ponta do nariz;
  • Broomadhya – Terceiro olho;
  • Nabi Chakra – Umbigo;
  • Hastagrai – Mão;
  • Padhayoragrai – Dedos dos pés;
  • Parsva Dristi – Ponto distante à esquerda ou direita;
  • Angusta Ma Dyai – Polegares
  • Antara Dristi – Voltado para o céu.